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Artificação: das Perucas aos Videogames

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  Shapiro e Heinich, em seu texto Quando há artificação? , explicam como a arte é “simbólica, material e contextual ao mesmo tempo” [1] , denominando o conjunto desses processos como “artificação”. A artificação, sendo produto social, é dinâmica e, portanto, pode ser concluída, parcial, em andamento ou, até mesmo, em declínio ou completamente desfeita – “qual exemplo pertence a que tipo é uma questão fluida e pode mudar dependendo de uma variedade de contextos” [2] . Como exemplos de processos de artifição que se encontram em diferentes estágios, podemos citar a confecção de perucas e o desenvolvimento de vídeo games. O primeiro, argumentarei, possuía, em séculos passados, um processo de artificação parcial, porém poderoso, que se encontra hoje praticamente inexistente; o segundo, como tecnologia recente que é, há poucos anos não possuía nenhum prestígio artístico, enquanto hoje já articula rápidos processos de artificação. AS PERUCAS Especula-se que as perucas tiveram um iní...

A Artificação do Instagram

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  Em meados do século XIX, a fotografia ainda era uma novidade. Usada principalmente para obter um registro “objetivo” de pessoas, lugares e eventos, seria impensável colocá-la no mesmo patamar de uma pintura do mestre Eugène Delacroix, por exemplo. Mas, hoje, quase 200 anos depois de sua invenção, ninguém questiona que as fotografias de Man Ray, Paul Strande ou Cindy Sherman sejam consideradas obras de arte. Como isso é possível? Será que antigamente as pessoas simplesmente não percebiam o valor artístico da fotografia? Será que ela é e sempre foi um processo puramente mecânico e, assim sendo, nunca poderia ser arte? O filósofo Nelson Goodman resolveria essa questão, de certa forma, propondo outra pergunta: quando a fotografia funciona como arte? Em seu texto When is Art? (1977), Goodman afirma que uma obra de arte não possui nada intrinsecamente artístico e que, à priori , não seria diferente de qualquer outro objeto de nosso mundo. A diferença, então, se dá na função simból...