O papel do jornal digital
Mesmo assim, é inegável que as publicações online vêm crescendo e cada dia mais agregando leitores fiéis. Essa nova realidade exige uma enorme flexibilidade tanto dos editores quanto dos jornalistas para se adequarem às novas plataformas. A opinião do secretário de redação da Folha de S. Paulo, Vinicius Mota, é de que a internet mudou o ritmo do jornalismo – exige tamanha rapidez em produzir notícia, que é comum a qualidade ser deixada de lado em favor da quantidade, e isso seria o principal problema do jornalismo online. Além disso, Mota admite que a Folha está “tateando” o terreno do mundo digital e que ainda não conseguiu solucionar todos os problemas que ele traz, mas que os resultados, inclusive os financeiros, vêm sendo positivos. O responsável por esse resultado financeiro da Folha na internet é o sistema “paywall poroso”, também adotado pelo The New York Times, que consiste em liberar o acesso gratuito de 10 textos por mês a qualquer internauta. A partir de então, a Folha exige um cadastro, também gratuito, que dá o direito a leitura de mais 10 textos. Depois disso, é necessário pagar para ter acesso ao conteúdo completo do jornal. Em um ano com esse sistema, o número de assinaturas online da Folha aumentou 189%.
O que se observa é que os leitores do jornal tradicional não estão migrando (ou o fazem em pequeno número) para o mundo digital. Há, na verdade, uma ampliação do público leitor, principalmente, como aponta Mota, com a inserção de leitores cada vez mais jovens, por terem maior familiaridade e contato com o meio digital do que com o impresso. A popularização de smartphones e tablets também é um fator fundamental para explicar o sucesso do jornal online. Além disso, a complementação de conteúdo através de mídias diversas, juntando texto, imagem, áudio e vídeo, que a internet possibilita é simplesmente impensável no jornal impresso. Numa análise final, o jornalismo online sempre acaba favorecendo o leitor, já que potencializa e democratiza o alcance da notícia, intensificado agora com as ferramentas de compartilhamento das redes sociais. E, afinal, este deveria ser o objetivo do jornalismo.
Ao contrário de promover uma guerra contra o meio digital, as empresas jornalísticas estão procurando harmonizar-se com ele. Cada vez mais os leitores se conscientizam de que para produzir conteúdo de qualidade é necessária uma verba considerável, e mostram-se dispostos a pagar pelo jornalismo confiável dos grandes nomes da imprensa. O jornal impresso, a julgar pelos números, tanto de vendas, quanto de anunciantes, não parece próximo de seu fim. Por enquanto, a internet e o papel estão convivendo em ótima sintonia.
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http://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 7 de mar. 2014 http://portaldacomunicacao.uol.com.br/ . Acesso em: 7 de mar. 2014 http://www.folha.uol.com.br/. Acesso em: 7 de mar. 2014
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